terça-feira, 17 de junho de 2008

O País a brincar

Nunca como agora nos questionamos tanto sobre o futuro.
Durante semanas ouvimos diariamente notícias de última hora sobre mais um aumento nos combustíveis (como se isso já fosse notícia). Confesso que esta situação me fez repensar alguns dos meus hábitos e de vez em quando vou a pé onde antes não dispensava o carro. Apesar dos apelos ao boicote a determinados postos o que na última semana vi foi filas intermináveis para ... imaginem... encher o depósito. "Ai que a gasolina vai acabar. Ai, ai ai!"
Mentes pequeninas é o que eu acho...
Veio esta situação a propósito da greve dos camionistas que poderia ter sido um sucesso, mas que acabou por cair no ridículo, por excesso. Não me lembro de ver alguém preocupado com as prateleiras vazias nos supermercados, com a falta de carne e de peixe e com a falta de material em fábricas que poderia causar prejuízos enormes e, à velocidade que isto vai, servir como pretexto para despedimentos. Isso sim, faz-me muita confusão.

Depois vem o futebol. Estamos quase que paralisados com a prestação portuguesa no Euro. Sai-se mais cedo do trabalho para ver os jogos das 17h00. Compensa-se, ou não, noutro dia.
Portugal vai ganhando. O pior é que as vitórias de Portugal não fazem baixar o preço dos combustíveis, não fazem baixar o preço dos alimentos, não fazem baixar as prestações da casa ao banco. Penso até que fazem aumentar as contas da luz, da água e do gás porque temos sempre alguém em casa para um encontro antecipadamente combinado que contempla a caracolada, a mini-sagres, o tremoço e afins...
As vitórias de Portugal nem o ego aumenta, porque no nosso pensamento está sempre a borbulhar os milhões de euros que aquelas gazelas ganham por minuto, por hora, por mês, por ano. E porquê? Ah porque eles têm uma carreira curta e mais não sei quê! Mas eu também posso ter uma carreira curta. Sei lá o que me pode acontecer quando terminar este post ou até se o conseguirei terminar...

Valha-nos o sol que brilha lá fora e que nasceu para todos.

2 comentários:

Quebra Ossos disse...

Olá miga!
Concordo plenamente contigo...
não corri às bombas para abastecer, nem me preocupei tão pouco em ter gasolina, apenas, para mais dia e meio...e digo-te mais, se acabasse acabava!
O nosso mundo está, na generalidade, "toxicodependente", sim porque a gasolina também é toxica!
Eu fui daqueles, que aproveitou as filas nas bombas para ir ao supermercado (sem filas) e comprar leitinho para as minha filhotas...

Espalha Brasas disse...

Eu acho que aquilo foi uma ameaça do que pode vir, um vislumbre do que poderá, realmente, acontecer. Prateleiras vazias, saques às lojas, banditismo à la carte. Mas depois ponho-me a pensar e sei que isto não vai acontecer. Mas deveria, porque merecemos todos uma grande lição. Para aprendermos a valorizar as coisas não só quando não as temos. Podia ser que assim pensassemos melhor sobre os bens essenciais e como os bem gerir. O problema é que em Portugal os protestos terminam por qualquer dedinho que o Governo estenda, só para tapar os olhos mais um tempo.
Eu não enchi o depósito e estava nessa onda do "quando acabou, acabou, não posso fazer nada".
entretanto, fui para Barcelona, e em Espanha também estavam em greve. Mas não vi esta loucura de filas para as bombas de combustível nem aos supermercados. É outra mentalidade.